
Festas felizes

Pessoa que defende o contrário do que acredita, ou que defende uma tese que não tem defensores, porque são aparentemente indefensáveis.
A origem da expressão vem da Igreja Católica. Antigamente, nos processos de beatificação, a Igreja nomeava alguém para verificar a verdadeira santidade do candidato a santo. Tentava assim encontrar falhas no processo ou na vida do candidato, objetando contra a sua elevação a santo. Tal tarefa ficava a cargo do advogado do Diabo advocatus diaboli, oposto ao advogado de Deus advocatus dei. Existe um romance do escritor australiano Morris West intitulado «O Advogado do Diabo», publicado em 1959, que foi adaptado ao cinema, em 1977, com o mesmo título e protagonizado pelo ator Al Pacino.
Verbete do livro de António Garcia Barreto “O Povo Faz a Língua” (registado no IGAC – Inspeção-Geral das Atividades Culturais)
Vinte livros escolhidos ao acaso do meu gosto para oferecer/ler neste Natal:
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Escrever, escrever, escrever. Onde estão os leitores? Ou filmar, filmar, filmar. Ou ensaiar, ensaiar, ensaiar. Onde estão os espetadores? E os museus? E a música? E a dança? Perguntas. É verdade que quem consome cultura é quase sempre uma elite com base cultural, classe média, salário para extras. É preciso ser incentivado desde criança a interessar-se pela cultura. Em casa e na escola. Num país pequeno como o nosso, sem tradição cultural, essa elite é despicienda. Há, no entanto, países com menor ou igual população, mas com gente que se interessa pela cultura: Noruega, Suécia, Islândia, Bélgica, Holanda, Dinamarca… Melhores salários, maiores incentivos culturais, o que nem sempre significa gastar mais dinheiro. Ideias. Projetos exequíveis. Dinamismo. Portanto, nós por cá continuamos mal. Mas temos um Ministério da Cultura e uma ministra. Ao que parece para distribuir uns subsídios e mais não sei o quê. Uma inutilidade. Mas fica bem no retrato dos políticos.
Escrever, escrever, escrever. Para quê? Para quem?
“Belo e divertido, é um elegante livro de memórias e meditação – um profundo abalo sísmico.” (The New York Times)
“Muito bem escrito. Uma intensa meditação sobre a mortalidade humana, nem clínica, nem consoladora. Em vez disso, de forma espirituosa e melancólica, Barnes fala com simplicidade sobre o nosso medo mais universal.” (The Washington Post)
(Da contacapa do livro)
No dia 14 de Novembro de 1965, nesta cidade de Lisboa, um homem saiu cedo de casa e já não voltou. Nesse dia e nos que se seguiram. Também não o viram mais no emprego. Chamava-se ou chama-se (pois há quem pense que o caso não foi suficientemente deslindado), Rodrigo dos Santos Abrantes. Um nome vulgar se exceptuarmos talvez o Rodrigo, e por isso mesmo detestado pelo próprio, que, como se verá mais adiante, projectara mudá-lo para Rodrigo Macieira – as razões também as saberemos a seu tempo.
Vale a pena esmiuçar, e sobretudo fantasiar (já que as pistas concretas de que dispomos não nos levariam longe), as circunstâncias em que se deu esse desaparecimento. Rodrigo, após o pequeno-almoço, tomado como sempre sob a ressaca do maldito despertador, isto é, num silêncio amuado e gestos irritadiços, espreitou os ares pela janela das traseiras, logo deduzindo que a friagem recomendava que se precavesse com a gabardina (…)
“O Rio Triste” (abertura), Fernando Namora, Círculo de Leitores, Lisboa, 1983 (edição de 15.000 exemplares)