“Nuno Bragança? Não conheço nenhum escritor com esse nome”
Passamos a apresentar: aristocrata da casa de Bragança, descendente do rei D.Pedro II, boxeur, boémio, radical fundador das brigadas revolucionarias, libertador da língua portuguesa, escritor.
(in jornal Observador)
Um dia peguei numa caneta, em um tinteiro e em uma folha de papel, e fui sentar-me a uma pequena mesa em um pequeno gabinete, e escrevi no alto da folha e em letras grandes:
U OMÃI QE DAVA PULUS
Depois chupei o rabo da caneta, que sabia a lavado e a polido, e escrevi por baixo e em letras pequenas o seguinte:
U omãi qe dava pulus era 1 omãi qe dava pulus grãdes.
El pulô tantu qe saiu pêlo tôpu.
Isto feito levei o papel ao meu tio Maurício, que estava sempre a ler jornais. O tio Maurício olhou para o meu escrito e foi-se embora com ele sem me dar palavra. Dois dias mais tarde reuniu-se o III ConselhodeFamíliaporcausadoPequeno.Nuno Bragança, “A Noite e o Riso” in “Obra Completa”, Dom Quixote, 2009