De cerúleo gabão não bem coberto,
Passeia em Santarém chuchado moço,
Mantido às vezes de sucinto almoço,
De ceia casual, jantar incerto;Dos esburgados peitos quase aberto,
Versos impinge por miúdo e grosso,
E do que em frase vil chamam caroço,
Se o quer, é vox clamantis in deserto.Pede às moças ternura, e dão-lhe motes!
Que tendo um coração como estalage,
Vão nele acomodando a mil pexotes.Sabes, leitor, quem sofre tanto ultrage,
Cercado de um tropel de franchinotes?
É o autor do soneto: é o Bocage!
Manuel Maria de Barbosa l’Hédois du Bocage in “Poesias”
(nos 254 anos do seu nascimento)