Vem o criado, sopa na mesa e pede desculpa.
“Desculpa de quê?” – pensa o cliente, lábio na colher, colher na mão.
Volta o criado, frango na mesa e pede desculpa.
“Desculpa de quê?”
Outra vez o criado, guardanapo no braço, constantino no cálice:
– Ah, desculpe! Queira desculpar…
O cliente apanha-o pelo cotovelo e zás lhe pergunta por que pede desculpa.
– Pois – treme o criado – não tenho pisado V. Ex.ª?
Investigação às patas, grande surpresa: era uma rolha caída debaixo da mesa.
Pedro Alvim in “O Caçador do Nada”, 1972